POLÍTICA MONETÁRIA Este é o maior patamar da taxa básica de juros nos últimos 20 anos; comitê sinaliza fim do ciclo de aperto
O Banco Central elevou na quarta-feira (18) a taxa Selic em mais 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano, e sinalizou que antevê uma interrupção no ciclo de alta de juros, indicando que a taxa deve permanecer
inalterada por “período bastante prolongado”.
Na decisão de elevar os juros pela sétima vez consecutiva, tomada por unanimidade, o BC afirmou que a interrupção do ciclo ocorrerá se o cenário esperado for confirmado, ponderando, no entanto, que não hesitará em reto mar as altas da Selic, caso julgue necessário.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em comunicado.
A decisão contrariou a expectativa de mercado registrada em pesquisa da “Reuters”, segundo a qual 27 dos 39 economistas ouvidos entre os dias 9 e 12 de junho previam a manutenção da Selic em 14,75% neste mês. Ainda assim, nos dias que antecederam a reunião, o mercado passou a precificar, ainda que com margem estreita, uma alta adicional de 0,25 ponto.
Segundo a diretoria do BC, a interrupção do ciclo de aperto prevista para a reunião de julho permitirá examinar os impactos acumulados do ajuste já implementado e avaliar se o atual nível dos juros, “considerando sua manutenção por período bastante prolongado”, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.
Com a decisão, os juros básicos atingem o maior nível em quase 20 anos. A nova Selic é a mais elevada desde julho de 2006, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Iniciado em setembro do ano passado, o ciclo de aperto acrescentou 4,5 pontos percentuais à Selic, sob a presidência de Gabriel Galípolo, nomeado em janeiro pelo presidente Lula. O comunicado do BC apontou que os indicadores de atividade econômica ainda de monstram “algum dinamismo”, embora se observe certa moderação no crescimento, e que a inflação segue acima da meta.
A autoridade monetária manteve seu balanço de riscos para a inflação, afirmando que as chances de alta e de baixa seguem mais elevadas do que o habitual. As expectativas de mercado seguem desancoradas, ponto de atenção para o BC. A projeção do IPCA para 2025 no boletim Focus recuou de 5,53% em maio para 5,25% nesta semana.
Para 2026, ano que é o foco do horizonte relevante de política monetária, a estimativa passou de 4,51% para 4,5%. Para 2027, permanece em 4%.
Projeção – O BC, por sua vez, elevou sua projeção de inflação para este ano no cenário de referência: de 4,8% para 4,9%. A previsão para 2026 foi mantida em 3,6%. Para os cálculos divulgados na quarta-feira, o Copom considerou uma taxa de câmbio partindo de R$ 5,60, abaixo dos R$ 5,70 utilizados em maio.
O centro da meta contínua para a infla ção é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Fonte: Diário do Comércio