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Copom volta a diminuir juros após três anos

Corte da autoridade monetária superou as expectativas e chegou a 0,50 p.p, reduzindo a taxa a 13,25% ao ano

Brasília – O Banco Central decidiu reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, no primeiro corte na taxa em três anos, e afirmou ser possível um novo corte da mesma magnitude em setembro. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, informou o comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

A decisão não foi tomada por unanimidade, com votos por um corte de 0,50 ponto de Roberto Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino, Carolina de Assis Barros, Gabriel Galípolo e Otávio Damaso. Os diretores Diogo Guillen, Fernanda Guardado, Maurício Moura e Renato Gomes defenderam corte de 0,25 ponto.

Após meses de pressão de membros do governo para que o ciclo de baixa nos juros fosse iniciado, em meio a um cenário de inflação queda, o BC disse que avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto em função da melhora do quadro inflacionário.

Com a decisão, a Selic vai a um patamar 11,25 pontos acima da mínima histórica de 2% ao ano, atingida durante a pandemia de Covid-19 e que vigorou até março de 2021. Vale dizer que a última vez em que o BC tinha reduzido a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano. Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

Inflação – A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o indicador ficou negativo em 0,08% e acumula 3,16% em 12 meses. Nos últimos dois meses, a inflação vem caindo por causa dos alimentos e dos combustíveis. O índice fechou o ano passado acima do teto da meta de inflação. Para 2023, o Conselho Monetário Nacional fixou a meta de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,75% nem ficar abaixo de 1,75% neste ano.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia 2023 em 5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista para baixo na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de setembro. As previsões do mercado estão mais otimistas que as oficiais. De acordo com o boletim Focus, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,84%. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,98%.

Crédito mais caro – A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia. Isso porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 2% para a economia em 2023. O mercado projeta crescimento maior, principalmente após a divulgação de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9% no primeiro trimestre. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,24% do PIB em 2023.

Fonte: (ABr/Reuters)

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