Foi a segunda reunião consecutiva em que a autarquia manteve o nível da taxa; conjuntura e política econômica nos Estados Unidos, além do cenário doméstico, foram algumas das justificativas do Banco Central
Rio de Janeiro e São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 15% ao ano. A decisão do colegiado foi unânime. O anúncio foi feito no início da noite de ontem, depois de uma reunião de dois dias entre o presidente do Banco Central (BC) e
seus diretores.
No comunicado oficial, o Copom justifica a manutenção da Selic pela incerteza do ambiente externo, “em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”. O que, segundo o comitê, exige cautela “por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”.
Também é citado o cenário doméstico. Para o Copom, os indicadores de atividade econômica apresentam “moderação no crescimento”, apesar do “dinamismo” do mercado de trabalho e com a inflação ainda acima da meta. “As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,8% e 4,3%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,4% no cenário de referência”, diz a nota do Copom.
Continuidade da manutenção – Essa é a segunda reunião consecutiva em que a autarquia mantém o nível da Selic. De setembro de 2024 até a reunião de junho deste ano, o BC aumentou a taxa em 4,50 pontos, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, perdendo apenas para a alta de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, que ocorreu após o fim da pandemia.
As decisões do Comitê de Política Monetária são tomadas levando em conta a situação inflacionária, as contas públicas, a atividade econômica e o cenário externo – tudo tendo como base a avaliação do cenário macroeconômico e os principais riscos a ele associados. As atas do Copom são publicadas no prazo de até quatro dias úteis. Esta foi a sexta reunião do ano do comitê. A taxa básica de juros
da economia vale para os próximos 45 dias, quando o Copom volta a se reunir.
Controle inflacionário – Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a Selic. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Os bancos consideram outros fatores além da Selic na hora de definir os juros a serem cobrados dos consumidores, entre eles o risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
A autarquia acrescentou que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.
Juros reais – Com a manutenção da Selic em 15%, o Brasil continua com a segunda maior taxa de juros reais do mundo, de 9,51%, segundo ranking do site MoneYou. O País está atrás apenas da Turquia, com 12,34%. A Rússia aparece no terceiro lugar, com 4,79%. Depois, figuram no ranking Colômbia (4,38%) e México (3,77%). O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil – que não estimula, nem deprime a
economia – é de 5%.
Fonte: Diário do Comércio